Para quem deseja adiar o sonho de ser pai ou mãe, a Criopreservação (ou Vitrificação) oferece a chance de congelar óvulos, espermatozoides ou embriões para que estes sejam usados no futuro. Técnica recente no Brasil, o congelamento ainda é envolto em muitas dúvidas.
1 – Por que congelar gametas?
Pessoas submetidas a tratamentos com quimioterapia ou radioterapia e mulheres que passaram dos 40 anos ou apresentam quadro de menopausa precoce, terão a qualidade e quantidade dos gametas prejudicada. Nestas condições, existem maiores chances de aborto ou da criança nascer com alguma deficiência. Para quem deseja ser pai ou mãe no futuro, o congelamento de gametas é uma opção para tentar preservar a fertilidade.
2 – Quando congelá-los?
Mulheres devem congelar os óvulos antes dos 35 anos, pois é a partir desta idade que a reserva ovariana começa a diminuir. Caso haja indícios de menopausa precoce recomenda-se fazer o congelamento assim que o problema for detectado. Já os homens não tem idade certa, pois a produção de espermatozoides não é afetada pelo tempo. Recomenda-se fazer o congelamento antes da cirurgia de vasectomia, pois a reversão do procedimento é difícil e os custos são elevados. Tanto homens quanto mulheres que pretendam ter filhos após tratamentos de quimioterapia ou radioterapia devem fazer a Criopreservação antes do tratamento ter início.
3 – Como é feito o congelamento?
No caso dos homens, a coleta do sémen geralmente é feita através de masturbação, pelo próprio doador, em sala isolada. Nas mulheres, o processo começa doze dias antes da coleta, com medicamentos para a induzir a ovulação. Os óvulos são aspirados por uma agulha fina via punção vaginal sob sedação endovenosa e guiada por ultrassom, o procedimento dura entre 15 à 20 minutos. A coleta é indolor, mas pode haver cólicas leves no pós-operatório. O material coletado é congelado a -196ºC em nitrogênio líquido e pode ser usado a qualquer momento
4 – O congelamento prejudica os óvulos e espermatozoides?
Pode haver perda de qualidade no processo. Um óvulo que passou pelo congelamento tem em torno de 90% de chances de manter qualidade semelhante à do que não passou pelo procedimento. Já em relação aos espermatozoides, perde-se cerca de 50%, mas a capacidade de fertilização dos sobreviventes não é alterada. Tendo em vista esta perda, recomenda-se que o homem faça mais de uma coleta. Quanto mais amostras preservadas, mais tentativas de fertilização serão possíveis e maiores as chances de gestação.
5 – É possível congelar embriões?
Sim. O mais comum é que se congelem os embriões excedentes da fertilização in vitro para que possam ser utilizados pelo casal que deseja ter outros filhos no futuro ou que não obtiveram sucesso na 1ª transferência dos embriões. O congelamento também pode ser feito por um curto período de tempo (alguns ciclos menstruais) para evitar que os medicamentos utilizados para induzir a ovulação prejudiquem a implantação do embrião no útero. Pesquisas do Centro de Reprodução Humana do IPGO, em São Paulo, vem apontando que as chances de gravidez após fertilização in vitro é maior quando feita com embriões congelados do que quando se utiliza embriões “frescos”.
6 – O material congelado tem prazo de validade?
Não, os gametas congelados podem ficar guardados por tempo indeterminado sem que a qualidade seja comprometida. Como já foi explicado, muitos gametas se perdem entre o congelamento e o descongelamento, mas não haverá diferença em esperar um ou 20 anos para usá-los. No entanto, vale lembrar que a fertilização in vitro só pode ser feita em mulheres com até 50 anos, pois após esta idade os riscos de aborto e má-formação fetal são maiores.
7 – O sêmen ou os óvulos congelados podem ser utilizados por outra pessoa?
O material congelado pertence ao paciente e apenas poderá ser utilizado por outra pessoa através de autorização por escrito do mesmo. Em geral, o contrato firmado entre o paciente e a clínica responsável pela coleta e armazenamento dos gametas determina também qual o destino do material congelado se o paciente falecer sem utilizá-lo.